BLOG HAPKIDO SÉRIO: O QUE É UM HAPKIDOKÁ?

Ham! Hapkidóka, que é isso?

Um leitor desse blog me perguntou se a palavra hapkidoka não estava errada?
Como já algumas vezes cheguei a publicar matérias, ferindo aos praticantes de Hapkido como hapkidókas.
Através disso realizei um estudo mais profundo dessa palavra e venho a vocês leitores a tentar explicar o motivo dessa expressão hapkidoka para aqueles que não conheçam é claro.
Para termos uma melhor compreensão disso, necessitamos voltar ao tempo para entendermos como esse termo surgiu.

Em um país atormentado durante muito tempo por guerras e conflitos, no Japão existia um rigoroso código ético não-escrito, conhecido como Bushido. Praticado pelos Bushi ou Samurais.
Onde visava o adestramento do soldado para as batalhas na qual um grande guerreiro deve-se se portar com firmeza, lealdade, coragem e ser perseverante em busca da perfeição técnica e espiritual.
Era o Bushido esse código de honra, que fornecia parâmetros para se viver e morrer com dignidade no campo de batalha.
Esse código estava presente e embutido nas modalidades de lutas de guerrilha chamadas de Bujutsu
Sim lutas de guerrilha não Artes Marciais, pois como o próprio nome diz:
Arte Marcial ainda não existia até o momento no Japão. Praticava-se a Arte da Guerra, penas os soldados samurais e não pessoas comuns.

O Bujutsu era um conjunto de disciplinas marciais que englobavam o Kenjutsu (técnica da espada), Iaijutsu (técnica de desembainhar a espada), Sojutsu (técnica da lança), Kyujutsu (técnica do arco), Naginatajutsu (técnica da alabarda), e entre ela o Aikijujutsu (técnica suave com harmonização do ki), etc.
Dentre esses nomes o que nos parece mais familiar não seria o “Aiki Jujutsu”?
Sim!
Essa foi à modalidade que Mestre Young Sool Choi aprendeu com seu Mestre Sokaku Takeda no Japão (considerado um dos últimos Samurais do país).
Mas o que isso tem a ver com o tal do hapkidoka?
Pois bem.
Para aquele que assistiu o filme O Ultimo Samurai de 2003, passara a entender melhor como isso ira se desferir...
A partir do Xogunato Tokugawa (século XVII), com a estabilização e pacificação do Japão, o Bujutsu começa a perder sua importância como instrumento de guerra e a ganhar uma conotação mais formadora e educacional.
Após a restauração Meiji, que terminou com o Xogunato (era samurai) e a sociedade estratificada, a classe guerreira deixou de existir e, assim, nada mais restava das antigas circunstâncias que sustentavam as tradicionais técnicas de guerra.
Elas haviam perdido completamente seu propósito original.
A conturbada transição social e a crise da classe samurai imposta pela renovação foi em parte a oportunidade de se direcionar os treinos de luta para uma outro patamar.
Percebeu-se então que a Arte da Guerra poderia se tornar em Arte Marcial. Uma educação física e mental, que proporcionaria mais disciplina e adestramento a todas as pessoas.
Mas como manter o respeito e a educação as pessoas que passariam a praticar uma modalidade de luta de contato?
Baseado no antigo código de honra dos samurais “Bushido”, surgiu o “Budo”.

Budo pode ser traduzido como caminho das artes marciais, BU significa "marcial" ou "militar" e DO "caminho".
Todas as artes marciais são chamadas de Budo, claro desde que estas possuem conotação filosófica.
A partir daí as artes marciais japonesas, passaram a carregar a palavra “DO”, como o Ju Do, Karatê Do, Ken-Do, Kiu Do, etc.
Essa nova disciplina educacional, passou a ser bem aceita pelo governo japonês. Introduzindo determinadas modalidades, como disciplinas curriculares nas escolas. Exemplo disso foi o Ju Do e o Karatê Do.
Um tempo depois outros países como a Coréia do Sul, passaram a sofrer as mesmas mudanças e transformações culturais, e em relação às Artes Marciais começaram a impor a mesma disciplina e educação.
Foi daí que antigas modalidades coreanas como: o Taekyon, Sipalki, Geon Gon Kwan, etc,
passaram a adotar a conotação “DO” de caminho, como o: Taekwon Do, Sipalki Do, Hankun Do, Hapki Do e outras modalidades.

Por fim o Budo passou a ser usado como uma ferramenta de disciplina e respeito dentro das academias de Artes Marciais. Procurando obter uma mente e um espírito forte e saudável.
E como praticamos o Budo?
Lembra-se que ao iniciar e encerrar seus treinos de Hapkido você e seus colegas fazem uma reverencia a foto do fundador ou a saudação à bandeira?
Lembra-se de quando você entra e saiu do Tatami você faz uma pequena reverencia?
Lembra-se que quando você inicia ou encerra as execuções de golpes com o seu parceiro de treino ambos se curvam fazendo uma pequena saudação?
Pois é! Isso é Budo.
E o respeito que você tem com seus professores e mestres, é o respeito ao cumprimentar o colega de treino, é o respeito pelo recinto marcial, é o respeito com seu uniforme de treinamento, é o respeito com sua faixa, é o respeito com você mesmo.
Você faz isso com freqüência?

Sim!

Então você é um Budóka. Ou seja é aquele que pratica além da Arte Marcial.
E aquele que pratica o respeito de um verdadeiro artista marcial.
E o Budo pode estar presente independe da Arte Marcial e sua nacionalidade. O Budo pode estar presente no Hapkido, no Kung Fu, no Muay Thai, na Capoeira é uma regra geral para todas as modalidades.
Mas infelizmente nem todos os praticantes de Artes Marciais seguem o Budo. Tornando seus treinos em uma coisa vazia sem filosofia, se transformando em um galo de briga oportunista utilizando o nome da arte como currículo para ganhar dinheiro.
Antes de aprender a lutar seja lá qual modalidade for, procure se tornar uma pessoa educada. Pois uma pessoa educada adquire respeito, e uma pessoa respeitada é bem recebida a onde ela for.
Seja ela faixa branca ou preta, respeito é o segredo.

Seja você mais que um hapkidoista. Seja um hapkidóka!
Seja uma pessoa que pratica um Hapkido de respeito!